Quando já nem do amor eu souber escrever. Quando as palavras forem mais densas que a dimensão dos sentimentos, quando este peso duro alcochoar no musgo o cessar da minha fome. Quando for demasiado tarde no exílio dos meus sentires, quando à caneta lhe faltar a tinta do meu corpo em prosa, e da prosa a frase se fizer desfeita no meu peito em branco. Quando, e quanto amor escalpado, vazio como todas as outras peles que desconsolo no meu abandono. Quando já nem do amor eu souber ler, esquecida na lacuna dos teus olvidos. Quando os lugares que por nós imaginei sucumbirem no vendaval das tuas emoções. Deixa ficar a louça gasta dos anos transpostos, deixa ficar a cama desfiada em tapeçaria bordeaux. Deixa ficar um simples copo de água encadeado no reflexo de um caudal maior. Quando já nem do amor me lembrar que me sucedeste, e de dor atordoada sem dedos que me recortem as palavras, eu fingir esquecer que um dia também eu te aconteci - foi porque morri na reunúncia dos teus sentidos.
Alice Turvo, Férreos Transversais, p.44/45
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
terça-feira, 18 de outubro de 2011
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
foto: Elina Nilsson
Tú has escondido la luz en alguna parte
y me niegas el retorno,
sé que esta oscuridad no es cierta
porque antes de mis manos volaban las luciérnagas,
y yo te buscaba
y tú eras tú
y éramos unos ojos
en un mismo lecho
y nadie de nosotros pensaba en el eclipse,
pero nos hicimos fríos y conocidos
y la noche se hizo inaccesible
para bajarla juntos.
Tú has escondido la luz en alguna parte,
la has plantado en otros ojos,
porque desde que ya no existes
nada de lo que está junto a mí amanece.
Tercer poema de ausencia de Homero Aridjis
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Subscrever:
Mensagens (Atom)