quarta-feira, 30 de maio de 2012
longa é a noite quando te trago ao peito - labareda de estrelas.
Hope Sandoval
Mazzy Star, Common burn, 2012
terça-feira, 15 de maio de 2012
Esta é a melhor altura do ano
Esta é a melhor altura do ano
para cortar o cabelo – profere Sandy,
remexendo com a ponta dos dedos
alguns fiozinhos na testa.
A porra da lua atrai as marés,
cria tsunamis, invade o Japão,
provoca uma crise nuclear,
porque é que não haveria de fazer
crescer o cabelo?
Deus puxa os poetas pelos cabelos, explica Hölderlin - acrescento então,
preocupada com a importância literária do assunto.
Mas, para ter a certeza,
quis perguntar a um especialista,
isto é, a qualquer uma das mulheres
que estavam agora a fazer fila
à entrada do Ginásio Clube Português
como os grandes bandos de antílopes Impala
à beira de um pântano,
num documentário na Animal Planet.
Quis dizer-lhes que o dinheiro, a idade não contam,
que amanhã é outro dia,
mas depois lembrei-me dos terramotos,
da crise nuclear, do IVA,
e fiquei calada.
Golgona Anghel
in Vim porque me pagavam, Mariposa Azual, 2011
para cortar o cabelo – profere Sandy,
remexendo com a ponta dos dedos
alguns fiozinhos na testa.
A porra da lua atrai as marés,
cria tsunamis, invade o Japão,
provoca uma crise nuclear,
porque é que não haveria de fazer
crescer o cabelo?
Deus puxa os poetas pelos cabelos, explica Hölderlin - acrescento então,
preocupada com a importância literária do assunto.
Mas, para ter a certeza,
quis perguntar a um especialista,
isto é, a qualquer uma das mulheres
que estavam agora a fazer fila
à entrada do Ginásio Clube Português
como os grandes bandos de antílopes Impala
à beira de um pântano,
num documentário na Animal Planet.
Quis dizer-lhes que o dinheiro, a idade não contam,
que amanhã é outro dia,
mas depois lembrei-me dos terramotos,
da crise nuclear, do IVA,
e fiquei calada.
Golgona Anghel
in Vim porque me pagavam, Mariposa Azual, 2011
quarta-feira, 9 de maio de 2012
podias mentir-me e vestir-te de novo. há casacos a mais. nus. sem respiração dentro. sem pele. sem pulsos. sem o palpitar do coração. alinhados, sobrepostos, a desbotarem tardes inteiras ao silêncio do escuro. as paredes lascadas. uma escrita entrelaçada de ausência. tudo isto para fazer prova de que os lugares mais estranhos do mundo pertencem à dor.
foto:Paulo Nozolino
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