às vezes, era assim: um travo a relva nos lábios
o verão a aquecer as traves mestras da esperança
e o dedo anelar em fuga tarde adentro
ao compromisso diz-se que sim
mas depois chegam a rotina e os chinelos e os pijamas
de verão e de inverno
e o fogão sujo dos jantares apressados
a nódoa na toalha do vinho bom que faz rir e chorar
falar alto
sempre detestei os vizinhos de orelha pronta à escuta
a criarem desculpas de vão de escadas
para intervirem nos silêncios
presenças dissimuladas quando trazem o sorriso
malicioso escancarado
não conheço já este lugar, esta cidade
eu quero um novo hemisfério para morrer com a certeza
de tudo ter acabado
Sem comentários:
Enviar um comentário