Évora, 30 de Junho de 1948 (quarta-feira)
É a terceira vez que tento o diário. Suponho que desistirei ainda. Tudo é repugnância de ver que o papel me lê. Se eu não tenho feito versos é porque optei por me sentar em cima de mim. A ironia, essa confissão irresponsável, é o único meio que tenho à mão de condescender em me observar. Enfim, pela terceira ou quarta vez tento um diário. É que os resíduos de mim e do dia-a-dia já me pesam.
Vergílio Ferreira, Diário Inédito, Quetzal
Inês d'Orey
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