"A vida é como andar de bicicleta. Ou andas. Ou cais".
Esta premissa surge no espectáculo Sweet Mambo de Pina Bausch como um apontamento de humor, entre muitos outros que se sucedem e intercalam actos dramáticos, mais intimistas, solos ao som de Portishead e Hope Sandoval, duelos homem-mulher, danças de lençóis brancos soprados a vento...
Do 3º balcão do teatro, quase tudo nos pode escapar à vista mas é imperativo que nos esforcemos sobre o varandim, ultrapassemos as vertigens, e caiamos sobre o palco, junto com os bailarinos. A perspectiva é única. Em alguns momentos, não poderia ser a melhor. Noutros, escapam-se-nos os gestos que ficam no ângulo morto, ou o vídeo que se projecta nos lençóis que rodeiam o fundo do palco.
Do 3º balcão, cai-se ou anda-se. É a vida.
Repetiria a experiência de me emocionar com uma criação de Pina Bausch. Já amanhã.
No final, os bailarinos alinhados no palco. Havia tanto vento a baloiçar na brancura dos lençóis. E tantos aplausos.