sexta-feira, 27 de janeiro de 2012





os labirintos são construções perigosas. devemos usar a inteligência para simplificar os enredos, ao invés de insistirmos em teias complexas que nos dão apenas a ilusão de edificarmos o impossível. a argamassa da felicidade é simples. pode ser uma linha recta, uma superfície lisa, um ponto... sabemos bem que não se trata da forma mas do conteúdo. e os labirintos não existem senão fechados na sua própria forma.


foto: we live young

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Diário de bordo: 23 de Janeiro de 2012

“I was hoping for the rain / I was hoping for you” (How to dress Well)

Em Estarreja, há um ninho de cegonhas abandonado junto à estação. Há uma casa com aquela decadência das casas de fim de linha, com uma tabuleta a dizer "Vende-se". Há campos verdes, com cavalos e vacas e charcos onde as árvores tombam os seus ramos em reflexos. Sabes? houve um tempo em que só conseguia fotografar reflexos, o avesso das coisas. Eu própria me virei do avesso para assim poder resumir-me a um retrato. De fora para dentro. De dentro para fora. Tantas voltas dei que me perdi. Depois levaram-me junto da árvore mais velha do parque da cidade e aprendi a falar-lhe frequentemente. Aprendi a linguagem das árvores. Aprendi a saber esperar. A saber esperar pela chuva.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Hoje, encostei-me à paisagem e adormeci. Não houve ombro que me segurasse os sonhos. Acordei com um vinco de sol na face e com a certeza de que vou contar cada hora deste dia, subtraindo o tempo que me resta para, no regresso, de novo encostada à paisagem, deixar que a noite me diga baixinho o quanto gostas de mim.





foto: Teresa Sá

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

não me escrevo há alguns dias. passam-se horas em que nem sequer me olho. ao longo da janela o mundo é limitado. e eu quero um momento incorrigível. daqueles que permanecem, escapando aos labirintos vazios da voz.








quando calada, a voz é já o começo de um grito.

foto: La double vie de Véronique