quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Dizem-nos que as casas são espaços, com janelas e portas, corredores, quartos, e objectos que diariamente acumulamos à vista de quem nos visita. Isso é o que facilmente nos ensinam, e aprendemos sem interrogar muito o universo. Porém, escondem-nos a verdade mais antiga. As casas são os corpos. O meu e o teu. Aconchegados, onde quer que haja telhado, ou céu, que nos traga frio e sol à pele.

Estamos permanentemente em fuga à indubitabilidade. Se isto fosse uma lição capaz de ser ensinada, começaríamos, ao primeiro encontro, por destruir todo e qualquer prenúncio de alicerce.


we live young photos

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


desconcertam-me as cidades
quando nas esquinas da noite há corpos
acocorados na ânsia de se injectarem do avesso
da dor


de dia ressacam de mão estendida à esmola.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

porque o universo conspira. faz uso de forças invisíveis.
de mãos que puxam. que se retraem. que escavam direcções.
[esquerda ou direita?]



quando te conheci não havia nenhuma rua inclinada
havia o teu riso sobre a mesa
o silêncio dos olhos quando se abre a janela para uma nova paisagem

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não foi um acaso
foi um vento que soprou a nosso favor

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

"I carry your heart with me"

i carry your heart with me (i carry it in
my heart)i am never without it (anywhere
i go you go,my dear; and whatever is done
by only me is your doing,my darling)
i fear
no fate(for you are my fate,my sweet)i want
no world(for beautiful you are my world,my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you

here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life;which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart

i carry your heart(i carry it in my heart)

e.e.cummings


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

If Beauty Is A Crime *

não sei explicar esta angústia de inverno
do comboio a partir por entre o nevoeiro
das casas estáticas junto ao rio
os gatos abandonados à janela
as roupas esquecidas nos estendais com chuva
tu já não aconteces
nem aqui, nem mais à frente
as estações sucedem-se e tudo é novo
desarrumo os rostos desconhecidos das chegadas
não me sabes aqui ao relento das memórias
não me dói uma única fotografia tua
e isso é incrível
e é isso que faz com que eu não saiba explicar esta angústia de inverno
do comboio a partir por entre o nevoeiro

talvez apenas o estranho hábito de chorar nas despedidas




*Mi And L'au (banda sonora)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012