domingo, 23 de maio de 2010

às vezes, era assim: um travo a relva nos lábios
o verão a aquecer as traves mestras da esperança
e o dedo anelar em fuga tarde adentro

ao compromisso diz-se que sim
mas depois chegam a rotina e os chinelos e os pijamas
de verão e de inverno
e o fogão sujo dos jantares apressados
a nódoa na toalha do vinho bom que faz rir e chorar
falar alto

sempre detestei os vizinhos de orelha pronta à escuta
a criarem desculpas de vão de escadas
para intervirem nos silêncios
presenças dissimuladas quando trazem o sorriso
malicioso escancarado

não conheço já este lugar, esta cidade
eu quero um novo hemisfério para morrer com a certeza
de tudo ter acabado

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