terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Em dias bonitos de Outono, quando se vem da Rua Radetzky, pode ver-se, ao lado do teatro municipal, um grupo de árvores ao sol. A primeira árvore, defronte daquelas cerejeiras avermelhado escuro que não dão frutos, está tão inflamada de Outono, é uma mancha tão desmesuradamente dourada, que parece um archote deixado cair por um anjo. E agora ela arde, e o vento do Outono e o gelo não a podem fazer extinguir-se.
Quem vai querer, pois, falar-me do cair das folhas e da morte branca diante desta árvore, quem vai querer impedir-me de a contemplar e de crer que ela me iluminará sempre como nesta hora e que escapará à lei universal?

Ingeborg Bachmann, Juventude numa cidade austríaca, in Trinta Anos

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