terça-feira, 8 de novembro de 2011

Morro, ao perder-te nesta fronteira em que as águas fluem. Saio de entre as cinzas, levando o brilho de um movimento que se confunde com a hesitação do ser, enquanto me pedes que abandone o lastro de inquietação para que as portas se voltem a abrir. Mas aonde ir? Em que cafés fechados voltarei a ver-te, olhando a rua, até que os olhos se cruzem num novo reencontro? Que portagem terei de atravessar para restabelecer o equilíbrio do mundo que uma simples dúvida fez oscilar no seu eixo e luta para trazer de volta a sua verdade? Que metamorfose é ainda possível, neste corpo em que a dissipação se instalou, e avança, como o fogo nos campos mais secos de estio? Que abraços se irão perder nesses parques abandonados, nas estradas ermas do bosque, ou nesse velho celeiro onde não fermentam já as emoções do desejo? Tu, ainda encostada à janela de onde vem um último aceno, ouve o grito, com a sua música terrível, e não percas o que nem os ventos puderam levar, com a sua tensa respiração. Nuno Júdice

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